terça-feira, 23 de dezembro de 2008

ENCONTRO COM PERSEU

Era noite e estava eu ajoelhada na grama molhada do monte dos deuses. Desejava que houvesse algum ali... Ansiava encontrar meu mentor, precisava de ajuda.
- Deus dos deuses, Zeus, chamai teu filho Perseu eu lhe suplico.

E o silêncio pairava.
- Tenha piedade de uma condenada. Tenha piedade de um pouco de sua carne, mesmo que bastarda.

Noite infinda aquela. Fiquei dada à madrugada que não passava.
Cansada mas ainda determinada em meu objetivo continuei:

- Alguém tem de estar nesse lugar! Por que sou ignorada? Não hesitarei em outras noites de vir até aqui, por mais que penoso o caminho, um dia há de valer minha vinda e vocês se manifestaram!
- Por que viestes até aqui? – surpreendeu-me a voz conhecida. Porém, não encontrava o orador, ao meu redor apenas noite.
- Quimera algum Deus do Olímpio tivesse ouvido suas palavras.
Era Perseu. A voz de meu ancestral guia. Minha família. Ausente em pessoa, porém zeloso e presente em pensamento.
- Por que demora se eu sei que me ouve?
- Sou um Deus, já faço mais do que devia por você. - A ironia é que os nossos Deuses não são o que são por sua benevolência e justiça. Deuses podem ser cruéis, egoístas, a maioria preocupada apenas com seus casos internos e se queixando para o que acontece com seus fiéis. Perseu não é exceção, é bom pra mim, pois sou seu legado, sou neta de sua belíssima filha Alcemena. Se não fosse, é certo que não teria sua afeição.

- Não precisa me contar suas mazelas. – ele adiantou-se.
- Sei que não. Sabe o porquê te procuro, então, me dê as respostas que preciso.

- Não a nada para falar que melhore sua alma entristecida. Você espera um Éden de outra vida, como se já tivesse feito algo para merecer. Quiçá ainda faça, mas devo alertar que da forma que age está fadada nessa vida ao descontentamento e eu a suas reclamações.

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