Era noite e estava eu ajoelhada na grama molhada do monte dos deuses. Desejava que houvesse algum ali... Ansiava encontrar meu mentor, precisava de ajuda.
- Deus dos deuses, Zeus, chamai teu filho Perseu eu lhe suplico.
E o silêncio pairava.
- Tenha piedade de uma condenada. Tenha piedade de um pouco de sua carne, mesmo que bastarda.
Noite infinda aquela. Fiquei dada à madrugada que não passava.
Cansada mas ainda determinada em meu objetivo continuei:
- Alguém tem de estar nesse lugar! Por que sou ignorada? Não hesitarei em outras noites de vir até aqui, por mais que penoso o caminho, um dia há de valer minha vinda e vocês se manifestaram!
- Por que viestes até aqui? – surpreendeu-me a voz conhecida. Porém, não encontrava o orador, ao meu redor apenas noite.
- Quimera algum Deus do Olímpio tivesse ouvido suas palavras.
Era Perseu. A voz de meu ancestral guia. Minha família. Ausente em pessoa, porém zeloso e presente em pensamento.
- Por que demora se eu sei que me ouve?
- Sou um Deus, já faço mais do que devia por você. - A ironia é que os nossos Deuses não são o que são por sua benevolência e justiça. Deuses podem ser cruéis, egoístas, a maioria preocupada apenas com seus casos internos e se queixando para o que acontece com seus fiéis. Perseu não é exceção, é bom pra mim, pois sou seu legado, sou neta de sua belíssima filha Alcemena. Se não fosse, é certo que não teria sua afeição.
- Não precisa me contar suas mazelas. – ele adiantou-se.
- Sei que não. Sabe o porquê te procuro, então, me dê as respostas que preciso.
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